• 21.11.2014
    Postado por VHBR

    Em entrevista à Entertainment Weekly, a roteirista responsável por “Gigi” (musical da Broadway que será protagonizado por Vanessa em Janeiro de 2015) Heidi Thomas contou alguns detalhes e novidades da peça e não poupou elogios à Hudgens.

    Confira a entrevista traduzida exclusivamente por nossa equipe abaixo:

    Heidi Thomas fala sobre Vanessa Hudgens e Gigi

    Como se resolve um problema como Gigi? Essa foi a tarefa de Heidi Thomas, escritora por trás do sucesso britânico Call the Midwife, que está adaptando o livro do musical de Alan Jay Lerner e Frederick Loewe para uma nova versão da Broadway (estrelando Vanessa Hudgens, de High School Musical).

    O musical Gigi, baseado no romance de Colette, começou com um filme – especificamente, o clássico de 1958 de Vincente Minneli. Uma adaptação chegou a Broadway em 1973, mas a produção não teve sucesso. E mesmo que o adorado filme tenha ganho Oscar de Melhor Filme, alguns pontos não funcionaram tão bem – em primeiro lugar, a primeira musica, no qual Maurice Chevalier canta sobre quão maravilhosas são as “menininhas” porque “elas crescem da maneira mais prazerosa”.

    Então o trabalho de Thomas foi feito pra ela. Sua experiência trabalhando periodicamente em dramas a deixaram pronta para a peça, que ela diz ser relevante para os dias atuais: “Eu acho que Gigi, como qualquer mulher jovem de hoje, está crescendo e amadurecendo numa sociedade que tem muitas expectativas sobre ela, e eles são muito específicos quanto a isso.” Thomas contou ao EW. “Eu juro, quando eu caminho 10 quadras até meu escritório, eu constantemente vejo jovens passando que claramente tem esses mesmos problemas. Eu acho que é isso que a faz tão identificável e atual.”

    Thomas falou com o EW sobre a produção da peça e como atrizes podem seguir o caminho de Audrey Hepburn e Leslie Caron.

    No começo o que te trouxe a Gigi?

    O primeiro encontro dos meus pais foi assistir Gigi nos cinemas em 1959. Meu pai pediu a mão da minha mãe no caminho para casa, de tão tocado que ficou com o filme. Se passasse na televisão em um domingo a tarde, minha mãe diria “Você tem que assistir esse filme!” Então se tornou uma coisa mágica em nossa casa.

    Na verdade eu cheguei através de Jenna Segal, a produtora, porque quando ela começou a pensar em Gigi como um novo musical começando do zero, ela queria uma voz feminina, uma escritora mulher. Ela perguntou a um produtor de teatro de Londres, o que é super característico dela. Eles disseram “Ah, você tem que falar com Heidi Thomas!”, e ela me procurou, e aqui estou eu agora.

    Eu fiquei muito inspirada com o trabalho de Jenna porque, como vocês provavelmente sabem, Gigi foi feito de um filme em primeiro momento. Não era uma peça de teatro pronta.

    Teve uma produção não-musical em 1951…

    Sim, estrelando Audrey Hepburn. Jenna imediatamente colocou na minha frente o romance de Colette, e a peça de Anita Loos, e o filme de Alan Jay Lerner, e o livro que eles escreveram pro musical depois – que realmente não funciona como uma história em si, mas chegou a ganhar um Tony. Eu puder ver qual era o desafio, mas também pude ver a tradição desse projeto. Estou fazendo isso por meus pais.

    Como você chegou a adaptação? Eu li que você “recolocou Gigi no seu lugar de direito no centro da história”

    As vezes um olhar para o filme, por exemplo – e com certeza também para as adaptações teatrais depois – e você se pergunta porque se chama Gigi e não Honoré. Porque Gigi é relativamente limitada as vezes. No romance de Colette, você consegue ver porque se chama Gigi – é tudo sobre essa garota, seu ponto de vista, mas bem particularmente é sobre ela se tornando independente. É sobre uma jovem mulher tomando conta sua vida e revelando qualidades que as pessoas que tentam tomar conta dela não sabiam que ela as tinha.

    A avó e a tia, Mamita e Alicia, são muito presentes no romance. Tem uma fala incrível que Alicia fala pra sua irmã “Minha querida, você não percebeu ela nos ultrapassou?” Eu traduzi isso de várias formas. Olhei no original em francês e era isso que ela estava dizendo: “Essa menina sabe de algo que nós não sabemos.” Isso, pra mim, resume a relevância feminina. Nós levamos conosco os triunfos, as tragédias e falhas de nossos antepassados femininos mas nós tentamos fazer com que isso pareça particularmente nosso. Foi isso que eu quis me ater. Foi o meu ponto de partida, de um jeito a voltar para Colette, de onde tudo tinha começado. Eu realmente acho que ela é a fada madrinha do nosso projeto.

    A história do musical será familiar para quem conhece o filme?

    O filme é realmente um filme. Por exemplo, não tinha um grupo pra dançar ou cantar, e isso tivemos que acrescentar. O filme foi filmado em Paris, e eu percebi que invés de usar alguém dançando ou cantando pra representar isso, o monumento de Paris apareceria como em cada refrão. Eu tive que ter certeza que isso estaria claro.

    Nas produções de 1973 e de 1985 algumas musicas foram cortadas. Outras foram esquecidas. Parece um pouco fraco em um número totalmente musical mas eu tive o enorme privilegio de escolher musicas do filme. Por exemplo, “Say a Prayer for Me Tonight” nunca foi pensada para a versão nos palcos. Esse, pra mim, foi um momento marcante, onde ela canta e aparece com um vestido branco.

    O filme tem alguns elementos problemáticos. Muita gente olha para Honoré cantando “Thank Heaven for Little Girls” agora e se contorce um pouco.

    Oh, querido, esse foi o maior problema. Eu passei minha infância ouvindo isso no gravador e nunca parei pra pensar sobre. Eu costumava dançar pelo quarto quando era uma garotinha. Eu acho que a sociedade moderna recontextualizou certos elementos de várias obras de arte, não acho que só Gigi passou por isso. Uma das coisas mais interessantes que eu pensei foi que essa musica é muito bonita e é marcante, mas o problema é que é cantada por um cara velho no começo? Então agora nós recontextualizamos e é cantada por Mamita e Alicia sobre Gigi. Isso parece ter tirado todos os espinhos da rosa. Agora é meio que um dueto entre elas e você vê duas irmãs brigando pela posse de uma jovem que as duas cuidam. Uma delas quer que a menina amadureça mais rápido, a outra quer que ela continue uma criança.

    Isso muda a atmosfera da peça. A primeira cena do filme é Honoré olhando para todas as mulheres passando, é bastante na perspectiva masculina.

    Gigi tem mais voz desde o começo da peça. Ela é alguém que está sendo vista a distancia na versão do filme, e isso funciona delicadamente bonito. Mas nós vagamente alteramos isso e de fato “Thank Heaven for Little Girls” surge mais ou menos na metade do primeiro ato. Não é a primeira cena. Tem uma música linda que não aparece no filme chamada “Paris Is Paris Again” que é sobre o primeiro dia de primavera em Paris. É um número em grupo e é uma cena de abertura muito melhor do que “Thank Heaven For Little Girls”. Porque outra coisa interessante é que Honoré nem é um personagem no romance de Colette. Ele foi criado em um curta-metragem baseado no livro que saiu no final dos anos 40 e ele parece quase um intruso. Nessa versão, nós desenvolvemos o relacionamento entre Honoré e Mamita, o que nos deu uma das musicas mais lindas, “I Remember It Well”.

    O trabalho de Gigi como cortesã é vagamente mencionado no filme. Está lá, mas não tem sexo propriamente dito.

    Não! Além daquela fala dela, que quer dizer “Eu devo dormir na sua cama” Eu lembro quando criança eu pensei “Oh, ele está sozinho?” Porque eu tinha uns 9 anos quando vi o filme.

    Embora o sistema de cortesãs não exista mais em Paris ou qualquer outro lugar, passei um bom tempo estudando sobre isso. Eu percebi que naquela época, naquela cultura em particular, para uma mulher se tornar independente – uma mulher que, ironicamente, não era definida por um homem – ela não podia se casar. O grande ponto sobre cortesãs, seja qual for o serviço delas, elas tinham seu próprio apartamento. Não eram dependentes de ninguém. Enquanto elas amadureciam até a meia idade, elas tinham oportunidade de fazer escolhas. De varias formas, era uma carreira. Hoje em dia, uma garota com a inteligência, energia, determinação, ousadia e perspicácia de Gigi provavelmente faria uma excelente carreira em algum empreendimento. Ela tinha essa virtude maravilhosa. Seus mentores acham que isso é ruim pra ela, mas ela não quer se acomodar. Quando ela finalmente escolhe o amor e o casamento, não é uma decisão anti-feminista – é algo bastante feminista pra mim porque ela está fazendo o que é certo e o que é confortável pra ela ao invés de fazer o que todos em volta dela querem que ela faça. Eu vejo isso como evidencias de que ela é uma mulher moderna.

    O que fizemos para o musical foi observar o impacto da fama na vida das mulheres. A maneira que essas mulheres usm suas vidas para serem fotografadas, para terem aprovação. É frequente serem atrizes, cantoras ou musas, e você pode fazer essas comparações agora.

    É interessante você falar de celebridades, porque Vanessa Hudgens está interpretando Gigi e ela é alguém conhecida por atrair atenção da mídia com sua vida pessoal. Quero te perguntar sobre o trabalho dela.

    Ela é maravilhosa. Fiquei uma semana em New York selecionando o elenco, olhando todos os papeis principais e de grupos. Ouvi rumores de que no dia anterior que eu estava pra chegar alguém da equipe de Vanessa tinha visto nosso script e expressado interesse no papel pra ela. Ela queria vir nos encontrar. Seria no dia seeguinte, sexta de manhã, quando eu estava no voo de volta. Quando saí do avião em Londres, recebi muitas mensagens da equipe “Ai meu Deus, Vanessa foi maravilhosa, vai ser ela!” Aquela garota tem uma áurea de grande estrela que ela é, mas ela é muito gentil e humilde. Ela senta no chão com o grupo, troca de sapato, suas roupas, tudo. Eu acho que ela merece ser sucessora de Audrey Hepburn e Leslie Caron nesse papel.

    O que você acha que ela trás especificamente?

    Eu acho que ela trás vivacidade e inocência, e, como eu disse antes, sensibilidade. Ela tem muito, muito cuidado com suas falas. As vezes nós ajustamos algumas coisas. Mas eu acho que o que ela fez, ela pegou o script e foi direto no coração disso. Talvez por ser parte de uma geração mais jovem, ela não estava muito preocupada com a tradição ou o legado dessa peça, coisa que eu e Jenna nos preocupamos muito – você não pode se apossar de uma coisa dessas sem tratar como o pedaço de porcelana mais bonito que já pegou em suas mãos. E Vanessa, por mais que ela respeite a peça, ela não apareceu com esse ponto de vista. Ela pensou “Eu amo essa mulher e eu quero interpretá-la”, e essa é exatamente a energia que precisamos pra esse papel.

    Queria te perguntar sobre a idade de Gigi.

    No romance, ela tem 15. Eu fiquei escandalizada! Eu pensei bem e nós não vamos fazer assim. Deixamos claro que ela tem 18, porque eu quero que um publico moderno se sinta confortável com isso.

    Outra coisa que fizemos foi fazer Gaston mais novo. No filme, Louis Jourdan fez o papel maravilhosamente. Ele é absolutamente encantador pro papel, mas é impossível pensar que ele tem menos de 35. Queríamos que Gigi e Gaston fossem amigos de infância. Não é só Gaston que conhece Gigi como uma garotinha, Gigi conheceu Gaston como um menino. Eu acho que nós acreditamos que eles definitivamente seriam almas gêmeas se não fosse a diferença de idade tão grande.

    Como você descobriu como encaixar todas as músicas que tinha a sua disposição, do filme e da produção da Broadway?

    No meu contrato original – E eu já trabalho em Gigi há 3 anos – tinha uma frase que eu copiei e deixei colada na minha mesa. Ela diz: “para capturar o espírito original do filme.” Precisava ser romântico, emocionalmente envolvente, cativante – todas as coisas que você quer que um musical realmente bom seja. Eu olhei pra todas as músicas que estavam no filme e determinei que nenhuma ficaria de fora, o que aconteceu com as adaptações mais recentes.

    Eu sempre penso que quando você vai adaptar qualquer coisa, especialmente se é um clássico por direito, você tem a missão de traduzir isso para um novo meio da maneira mais fiel e honrosa possível. As vezes a coisa menos fiel e honrosa que se pode fazer é não mudar nada. Porque se algo não obteve sucesso no palco como teve nos cinemas, você precisa analisar isso e descobrir o porquê. “Paris Is Paris Again” é uma música fabulosa, e tem essa outra música em que Gigi vai para o oceano, chamada “I never Want to Go Home Again”, que estava na versão teatral e nós vimos isso. As vezes é o caso de tentativa e erro.

    Clique aqui para conferir a matéria original.

    Tradução exclusiva do Vanessa Hudgens Brasil, se copiar não esqueça dos créditos!

    Categorias: Entrevistas, Gigi, Notícias

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