• 29.12.2014
    Postado por VHBR

    O site Playbill publicou uma matéria muito interessante falando sobre a evolução de Gigi (personagem que será interpretada por Vanessa no musical da Broadway de mesmo nome) através dos anos, contando várias informações da história, e ainda falando sobre a contribuição da personagem para a mulher moderna.

    Confira o texto traduzido exclusivamente por nossa equipe abaixo:

    O nome dela na verdade é Gilberte, mas ela é conhecida ao redor do mundo pelo apelido, “Gigi”.

    O que há com essa tragédia romântica – uma menina menor de idade sendo treinada para ser cortesã de alta classe, que a vida é redimida e programada para um casamento burguês com um cara rico – que acabou virando livro, filme, peça de teatro, filme musical glamouroso ganhador do Oscar (versão mais conhecida pelas pessoas), musical da Broadway… e estreando nessa primavera, um musical da Broadway completo, com um livro totalmente revitalizado?

    Gigi nasceu na mente da escritora francesa Sidonie-Gabrielle Colette (1873-1954), uma das autoras mais complexas do século XX, que apareceu pela primeira vez com um romance épico escrito durante a ocupação nazista de Paris, e publicados em 1944. Mas a escrita tem importância em sua vida no submundo da Belle Époque de Paris quatro décadas antes, quando ela estava casada e tratada como propriedade de seu marido, Henry Gauthier-Villars, que colocou o nome dele próprio nos primeiros trabalhos dela.

    Haviam muito poucas opções de carreira para as mulheres daquela época, basicamente eram ser esposa ou, falando como um eufemismo, ser concubina. Colette (o único nome que ela adotou para assinatura quando se libertou de Gauthier-Villars e seguiu em frente por conta própria) observou bem de perto a estratégia da alta sociedade para manter as mulheres donas de casa em um status o mais alto possível.

    A versão original de Gigi conta a história de uma menina linda, com pernas longas, que aos 15 anos é treinada para ser concubina, pela avó, Sra. Alvarez, e pela tia Alicia, ambas antigas cortesãs, tia Alicia tendo sido muito bem sucedida.

    O objetivo do treinamento é o saudoso homem da cidade Gaston Lachaille, um amigo da família que trás a Gigi caramelos e licores desde que ela era pequena, e se hospeda na casa deles pra escapar de sua vida social (e de sua amante) para jogar cartas e relaxar com Gigi. Ele acredita que é o único lugar onde ninguém quer nada dele. Para ela, Gigi o trata como um amigo e contraria as mulheres mais velhas dizendo como ela deve se portar e se vestir para se adequar e assumir o papel dela no mundo.

    Mas Gigi está se tornando uma mulher, e Gaston começa a notá-la. As mulheres mais velhas começam a notar seu interesse, e todos parecem estar a par do que está acontecendo – exceto Gigi.

    O romance original de Colette termina com uma cena dramática. Gaston conta a Gigi que a ama e a quer como sua amante. Gigi responde com raiva, chamando Gaston de um homem terrível, porque ele quer condenar a mulher que ama a uma vida de aventuras terríveis, terminando em separação, brigas… armas e drogas. Ofendido e envergonhado, Gaston vai embora.

    Sra. Alvarez é contra a menina e acha que ela está jogando fora a chance de se dar bem na vida, mas a tia Alicia, mais experiente, a detém, falando, em tradução livre “Deixa pra lá. Não se preocupe mais. Você não vê que ela (Gigi) está bem além de nós?”

    Com mais confiança, Gaston volta, se ajoelha e implora que Gigi seja, não sua amante, mas sua esposa.

    No aclamado filme musical, essa cena, encenada por Louis Jourdan como Gaston e Leslie Caron como Gigi, é apresentada como uma transformação romântica. No livro, a ideia é que Gigi, cansada de ser uma tola infantil, conseguiu ser a maior competidora de todas e ganhar o jogo.

    A história parece uma misógina fantasia masculina, mas o conto de Gigi fascina as mulheres. Foi criado por uma mulher, o filme dirigido por outra (Jacqueline Audrey) e então adaptado para os palcos por uma terceira, Anita Loos (quem também criou a personagem Lorelei Lee em “Os Homens Preferem as Loiras”). O texto para a nova versão da Broadway está nas mãos de Heidi Thomas, escritora do roteiro da serie de sucesso britânica “Call the Midwife”.

    Devido aos assuntos polêmicos, a história de Gigi sofreu adaptações em todas as versões. A versão francesa de 1948 no curta metragem não musical (estrelando Danièle Delorme e Gaby Morlay) mudou a idade de Gigi para 16. Essa idade foi mantida para a versão de 1951 da Broadway, que apresentou (e fez um sucesso imediato com) Audrey Hepburn. A escritora Anita Loos adaptou a fala de Alicia para “Deixa a criança! Você não vê que ela tem um método pra própria loucura?”

    O filme francês também teve um personagem novo, o tio de Gaston, Honoré, que teve a tia Alicia como amante, muitos anos antes. Um papel pequeno no filme, e não existente na Broadway em 1951, o papel foi imensamente expandido por Alan Jay Lerner e Frederick Loewe para o filme musical em 1958, como um meio de estreia para Maurice Chevalier, quem narra a história e canta os sucessos “Thank Heaven for Little Girls”, “I’m Glad I’m Not Young Anymore” e metade de “I Remember It Well”, baseado na letra que Lerner tinha composto uma década antes para o falido musical “Love Life”.

    Lerner e Loewe queriam que Audrey Hepburn recriasse seu papel no filme, mas acabaram ficando com Leslie Caron. Hepburn futuramente iria entrar na parceria de Lerner e Loewe com Eliza Doolittle no lugar de Julie Andrews quando eles montaram a equipe do filme de “Minha Querida Dama”. E os dois filmes pareciam ser um bom acordo, ambos sendo variações da história de Cinderela, sobre uma jovem que sofre transformação e faz entradas dramáticas em vestidos bonitos.

    Assim como em “Minha Querida Dama”, Lerner e Loewe mudaram o final para parecer mais romântico. Agora, quando Gigi expulsa Gaston de sua casa, nós o acompanhamos em sua tristeza e epifania, cantando a música tema e percebendo que o amor por ela é real. Ele volta e a pede em casamento. A parte que “ela está muito além de nós” não existe, junto com qualquer insinuação de que Gigi planejou qualquer tipo de jogo de cinismo. É apenas o despertar do verdadeiro amor.

    Dirigido por Vincente Minnelli para o lendário Arthur Freed da MGM e desenhado suntuosamente por Cecil Beaton, o filme é definitivamente a ultima palavra em elegância (considerando o fato de que Gigi ainda é menor de idade), vencedor de 9 Oscars incluindo Melhor Filme. Historiadores cinematográficos consideram esse o último grande musical da era de ouro de Hollywood.

    Lerner e Loewe escreveram outro musical depois de Gigi, Camelot, em 1960, que em uma tentativa catastrófica quase matou o time de criação (o diretor Moss Hart morreu de uma parada cardíaca um ano após a estreia). O compositor Frederick Loewe se aposentou nas composições, rompendo com o time de compositores mais famosos de meados do século XX. Lerner, no entanto, não estava disposto a jogar o chapéu. Ele tentou montar uma equipe com Richard Rodgers e Burton Lane em vários projetos. Mas no começo dos anos 1970 Lerner conseguiu convencer Loewe a suspender a aposentadoria para mais dois projetos, o filme musical de O Pequeno Principe em 1974, que faliu mesmo com todas as grandes estrelas, e a versão de teatro de Gigi, em 1973, que foi de grande responsabilidade e ficou em cartaz por apenas 3 meses.

    A versão da Broadway tem Karin Wolfe como Gigi e Daniel Massey como Gaston, Agnes Moorehead como tia Alicia e Alfred Drake como Honoré (o último papel de Drake em um musical da Broadway). Para adaptar seu próprio filme para os palcos, Lerner acrescentou quatro músicas e um balé, mas não adiantou. Stephen Holden do The New York Times chamou a produção de “mecanizada” e uma recriação pacata do filme.

    Por essas razões, os produtores de remakes de 2015 da Broadway (que irão começar em Washington, DC), trouxeram Heidi Thomas (“Call the Midwife”, da BBC/PBS) para escrever uma adaptação completamente nova, que será dirigida por Eric Schaeffer (“Follies”) e coreografada pelo vencedor do Emmy Joshua Bergasse (“Smash” e “On the Town”).

    Thomas disse que está fazendo mudanças cruciais na história. Primeiro, Gigi não tem mais 15 anos, mudou razoavelmente para 18. “Thank Haven for Little Girls”, uma musica marcada por sexualizar jovens para Honoré, foi dada a Sra. Alvarez e tia Alicia. O show começa com um novo número, “Paris Is Paris Again”, que combina melhor com a cena.

    Thomas contou a Entertainment Weekly que ela também está redirecionando Gigi (contracenada por Vanessa Hudgens) para o coração da história. “Hoje em dia, uma garota com a inteligência, determinação, perspicácia e energia de Gigi provavelmente teria uma boa carreira e negócios por contra própria.” Disse Thomas a EW. “Ela tem essa incrível ambição. Suas mentoras acham que sabem o melhor pra ela, mas ela realmente não quer ficar acomodada. Quando ela optar por amor e casamento, não é uma coisa anti-feminista – é bastante feminista pra mim porque ela está fazendo o que acha certo e confortável pra ela ao invés de fazer o que todos ao redor querem que ela faça. Eu vejo isso como o amanhecer da mulher moderna.”

    Clique aqui para conferir a matéria original.

    Tradução exclusiva do Vanessa Hudgens Brasil, se copiar não esqueça dos créditos!

     

    Categorias: Gigi, Notícias, Teatro

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